sábado, 5 de abril de 2014


      TRECHO INICIAL DO ROMANCE
                             
                                  Prólogo



O ataque se deu com extrema rapidez! A sombra projetou-se sobre a vítima velozmente, quase não possibilitando reação! O cais de madeira, iluminado apenas pela luz do luar encoberta pelas esparsas nuvens que corriam céleres no vento noturno, rangeu estrepitosamente, quase cedendo ao peso dos dois homens. Vigorosos, atracaram-se num jogo de forças e de morte!

O agressor, com seus três côvados de altura, era pesado e forte. Brandiu a faca sobre as costas da vítima, que numa rápida reação, virou-se a conteve o golpe com ambas as mãos. Em desespero, a vítima começou a imprecar em voz alta contra o seu agressor, para chamar atenção dos vigias que se encontravam à entrada do trapiche do cais. Na noite fria, todos haviam buscado o refúgio acalentador do armazém e, passadiço vazio encoberto pelos barcos, que balançavam nas ondas provocadas pelo vento fino e cortante, não possibilitava ver quem estava na extremidade do ancoradouro.

Diante dos gritos, o agressor largou de sua faca, jogando-a no rio e segurou a vítima pelas golas do gibão, lançando-se em seguida. Ambos mergulharam nas águas gélidas, girando e revolvendo as águas turvas do rio sujo, afastando-se do cais.

Giravam e giravam, num frenesi mortal! A vítima, também forte, encontrava-se combalido por ferimento recente, de luta anterior. Mas, ali, lutava pela vida e, suas forças foram retiradas do âmago, para conter o terrível inimigo, que agora queria matá-lo. Fortemente preso às mãos do assassino, sacou de um punhal que trazia à cintura e tentou esfaquear o agressor, inutilmente. O forte algoz deu-lhe uma forte cabeçada no rosto, puxando-o com ambas as mãos. A dor lancinante fez com que esmorecesse de suas tentativas em golpear o forte homem, largando o punhal.

Percebendo que a vítima perdera a arma, o assassino largou-o e passou a procurar o punhal nas águas barrentas.

O agredido começou, então a dar fortes braçadas, tentando voltar ao cais, quando foi contido pelo assassino, que o segurou por um dos pés. No enorme esforço para desvencilhar-se do bandido, a vítima braçava febrilmente, quando sentiu uma forte dor na perna esquerda. Fora atingido, possivelmente pelo próprio punhal que perdera na luta. Levando a mão ao ferimento, sentiu o calor do próprio sangue, nas águas geladas. Fora gravemente ferido e o corte era enorme.

Antes de desfalecer, viu outro vulto pular nas águas, e lutar com o homem entre sons de tiros de pistolas vindos do cais. 

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